sábado, outubro 20, 2012

A distorção da realidade

Alguns estudiosos defendem que o cérebro, o nosso computador pessoal, processa mais de 11 milhões de bytes por segundo, mais do que pode ser feito por qualquer máquina, por muito potente que seja. Contudo, apenas uma pequena parte dessa informação é trabalhada ao nível do consciente. A nossa mente deve gerir todos os dados a seleccionar e reduzir a informação. A realidade é, portanto, modificada pelo nosso intelecto de acordo com mecanismos fundamentais.

Generalização: Se, durante as férias, provámos um moscatel demasiado doce, poderemos ser levados a não beber mais essa bebida. Mesmo que provemos um outro menos doce, daremos sempre importância ao açucarado do a qualquer outra característica. É a esse tipo de preconceito automático que referimos quando se fala em generalizações. Na mesma ordem de ideias, se degustarmos um azeite de cor verde acentuada, seremos tentados a dizer que o aroma predominante é o herbácio.

Anulação: Fala-se de anulação quando, no interior de uma percepção complexa, seleccionamos apenas alguns aspectos, excluindo ou anulando os restantes. Exemplo, apesar da sobreposição de várias vozes num local lotado e ruidoso, muitas vezes conseguimos seguir uma conversa interessante, porque a sobrepomos às outras. O mesmo acontece quando, num azeite com um aroma herbáceo acentuado, podemos não ser capazes de captar os perfumes menos intensos.

Deformação: Este mecanismo está intimamente relacionado com as expectativas. Se nos for servido um vinho com uma denominação de origem que conhecemos bem, frequentemente sabemos o que podemos esperar. Exemplo, se soubermos que um Bucelas é caracterízado pelo acídulo e frutado típico da casta Arinto, teremos tendência para, em qualquer vinho com essa denominação de origem, captar os mesmos aromas. E podemos senti-los de verdade, porque o autoconvencimento pode realçar qualquer coisa, mesmo que não exista. 

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